Será que é muito cedo pra falar de amor?
- Lidia Vas
- 18 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Quando falo sobre o “Primeiro Amor”, já nos lembramos imediatamente do filme de 1991, estrelado pelos até então desconhecidos Macaulay Culkin e Anna Chlumsky. Um filme que nos deixou em prantos e absolutamente solidários àquela primeira experiência de amor vivida tão precocemente, amor doído, envolto numa bagagem que muitos amores maduros jamais experienciaram.
Falei recentemente sobre amor na maturidade e hoje quero ressaltar a emoção que senti quando minha neta, do alto dos seus 6 aninhos, me confessou que tem um grande amor. Estão juntos desde o berçário e ela adora ele, fala dele sempre que pode, diz que vão se casar e já até ‘construiu’ as famílias entre os amiguinhos:
- “Daí vovó, fulana casa com o melhor amigo dele e sicrana com o outro amigo”.
Mas, será que é muito cedo pra falar de amor nessa idade? A ideia não é antecipar uma fase na vida da criança, o desenvolvimento emocional tem que seguir um curso próprio para que haja equilíbrio emocional, inclusive. Aqui falo de um tipo de amor onde apenas é importante estar atento e explicar aos pequenos a diferença entre o gostar para uma criança e o namoro para um adulto.
É desse amor que eu quero falar: dessa devoção ao outro, sem nenhum outro interesse que não seja o bem-querer, de estar perto e dividir uma experiência legal, sem que para isso seja preciso alguma troca física. Apenas estar perto de alguém que nos permite uma alegria, um bem-estar!

É fato que, para muitos, as relações estão condicionadas a uma série de exigências cultivadas metodicamente e muitas vezes inegociáveis. Tem que ser ou ‘ter’ ou ‘fazer’ ou ‘entender’ ou... ou... ou... mas sempre tem ou não tem.
E tem outras pessoas, que talvez você até conheça, que nunca se aprofundam nas relações. Daquelas que só querem mesmo ter nas relações a fase rasa, a da paixão, de arrasar, de bambear as pernas, dilatar as pupilas e sentir o coração palpitar descontroladamente. Mas não vão além desse estágio. Quando o amor amadurece e se torna mais terno, menos efusivo, mais calmaria e menos furacão, elas caem fora, pois não conseguem lidar com um amor maduro e sereno.
Aprendi muito depois que comecei a assistir o reality “Simplesmente Amor – Além da Primeira Impressão”, que acompanha a jornada de pessoas portadoras de deficiências na busca de um amor. Muitos participantes me lembram o tipo de amor como os que vi da minha neta, um amor genuíno, sem que as cobranças impostas pela sociedade ou pelos pré-conceitos internalizados impeçam a relação de ser.
Dentro de uma grande variação de gostos e necessidades, a que gostamos de preservar ao final é essa relação da infância. Essa que independe de status, de “ter”, de “precisar”, ela apenas é.



Que delícia de leitura, tão fluida!
Realmente muitas pessoas tem medo de se relacionarem mais a fundo, justamente pela questão de não quererem lidar com as adversidades que uma relação de longo prazo traz, o conhecer um ao outro, a dedicação e empenho em construir uma relação profunda. Infelizmente, hoje em dia as relações estão cada vez mais efêmeras, mas ainda sim existe muito amor ❤️