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Um grito de amor e liberdade

  • Lidia Vas
  • 24 de nov. de 2024
  • 3 min de leitura

Amor. Uma palavra que parece tão simples, mas que guarda em si a força mais transformadora que existe. Em tempos de paz, o amor é o refúgio; em tempos de guerra e opressão, ele se torna resistente. No filme “Ainda Estou Aqui”, que revisita a história de Eunice e Rubens Paiva durante o período mais sombrio da ditadura militar brasileira, somos convidados a refletir sobre a capacidade do amor de transcender até mesmo os horrores da repressão: o amor que resiste ao medo.


No início dos anos 1970, o Brasil vivia sob o peso de um regime autoritário que calava vozes, desmanchava lares e plantava o medo como companheiro constante. Nesse cenário, a família Paiva parecia um oásis. Eunice e Rubens construíram uma casa que transbordava vida, amor e companheirismo, não só para seus cinco filhos, mas para todos que passavam por suas portas. Essa casa, porém, foi golpeada por uma violência devastadora: a ausência forçada de Rubens, arrancado de sua família por militares à paisana, em um ato que simboliza a brutalidade de um regime que destruiu tudo ou que não pôde controlar. No vazio deixado por Rubens, Eunice precisou se reinventar, mas nunca se desfez do que mais a movia: o amor por seu marido, por seus filhos e pela justiça.


O contexto histórico em que essa história se passa é marcado pelo medo. O medo de perder, de falar, de ser. Em tempos como esses, amar era, por si só, um ato revolucionário. Para Eunice, o amor por Rubens nunca foi passivo. Mesmo em sua ausência, ele esteve presente em cada decisão que ela tomou, em cada palavra que estava em protesto e em cada passo que deu para desafiar um sistema opressor.


Esse amor especial não é apenas uma história de um casal; é um testemunho de como o amor pode ser a força motriz para resistir ao que há de mais desumano. Mesmo quando tudo ao redor parece ruir, o amor permanece como um farol, guiando para a luz.


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Assim como Eunice resistiu em preservar a memória de seu marido e denunciar as injustiças, hoje somos desafiados a usar nossa liberdade de expressão com responsabilidade, para construir pontes e não muros, para honrar o direito de ser ouvido sem apagar o outro.


Ao assistir “Ainda Estou Aqui”, somos lembrados de que a luta de Eunice e tantas outras mulheres não foi apenas pelo direito de amar ou falar, mas pelo direito de existir plenamente em um mundo que tenta limitar a voz e a presença de quem desafia a configuração política, social, cultural ou econômica atuante.


O amor é, talvez, a expressão mais pura de liberdade. Amar é escolher, é desafiar convenções, é acreditar no outro e em um futuro maior do que o presente. Para Eunice, o amor por Rubens foi o que se manteve firme em sua busca pela verdade. E, assim como o amor guiou a sua resistência, ele pode ser o fio condutor da nossa luta pela liberdade hoje.


Que a história de Eunice e Rubens Paiva nos inspire a valorizar a liberdade como o maior gesto de amor por nós mesmos e pelo mundo. Afinal, se o amor é o que nos mantém juntos, a liberdade é o que nos dá a chance de construir histórias que valem a pena ser contadas.

 
 
 

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